BOOTLEG: YES/WESTFALENHALLEN-GERMANY 1984. SOUNDBOARD STEREO RECORDING. REFERENTE A 90125 TOUR

 Apesar da aclamação do YES nos Estados Unidos durante a digressão do álbum Drama,o mesmo não aconteceu com a maioria dos shows realizados no Reino Unido. Os fãs antigos não admitiam nenhum outro cantor no posto de Jon Anderson,além do que,durante algumas apresentações,Trevor Horn não se arriscava nos tons mais altos das músicas mais antigas,preocupado em desafinar. Se não bastasse esta insegurança toda diante dos britânicos,o vocalista,ainda veio a contrair problemas seríssimos de garganta lidando semanas seguidas com uma rouquidão. Não aguentou a barra e o próprio Trevor Horn,pediu pra sair. Mediante sua saída,o tecladista Geoff Downes também seguiu seus passos para juntos novamente reorganizarem a dupla "The Buggles",lançando mais um disco e como já falei anteriormente,regravaram "Into To The Lens",rebatizada de I'm A Canera. Não demoraria,Geoff Downes,se juntaria a Carl Palmer,John Wetton e Steve Howe no super grupo ASIA. Enquanto as coisas aconteciam dessa forma na primeira metade de 1981,Chris Squire e Alan White se certificaram que estavam mesmo sozinhos,porém desistir jamais. Os dois passavam horas no estúdio particular de Squire,gravando demo tapes.Num desses encontros estavam também Jimmy Page e Robert Plant. Depois de conversarem e algumas jams tocando blues,os quatro tiveram a brilhante ideia de formar uma nova banda chamada XYZ(ex Yes-Zeppelin). Juntos gravaram algumas fitas de demonstração. Entretanto,Robert Plant,não esboçava  muito interesse,ele estava concentrado nas gravações de seu primeiro disco solo Pictures At Eleven. Também tiveram as questões empresarias as quais inviabilizaram o andamento do projeto(provavelmente seria uma grande banda) Resultado: O XYZ nem bem começou e foi abortado. Posteriormente alguns rascunhos das gravações entre Page,Plant,Squire e White,iriam se transformar em canções do YES e do THE FIRM(banda formada por Jimmy Page e o cantor Paul Rogers,que havia desistido do Bad Company). Chris Squire e Alan White,novamente estavam a procura de músicos para um novo projeto. Encorajaram-se e lançaram um obscuro avulso com a música Run With The Fox. Nada acontecia,até que a sorte bateu na porta de Chris Squire,quando a ele foi apresentado o guitarrista sul-africano Trevor Rabin. O jovem músico,já tinha um vasto currículo em Jonesburgo,onde havia formado uma banda bem popular chamada "The Rabbitt". Trevor Rabin também andou pela Inglaterra tentando a sorte,e sem sucesso acabou indo para Los Angeles onde trabalhou com muita gente de renome no Rock and Roll. Com a chegada de 1982,Squire,White e Rabin,já estavam no estúdio trabalhando novas composições para um projeto que chamariam de CINEMA. Dentre os vários vocalistas que fizeram teste para esta nova empreitada estavam Trevor Horn(tentando mais uma vez se ligar ao YES) e Roger Hodgson(Supertramp). Sabe-se que o tecladista Eddie Jobson,também andou tocando com Rabin,Squire e White(tanto que na versão oficial do clipe de "Owner Lovely Heart",ele é o tecladista),mas quem ganhou a vaga foi Tony Kaye(integrante da primeira formação do YES). Continuava o impasse da voz neste novo projeto de Chris Squire e Alan White. Não aguentando mais a espera por um vocalista,Squire criou coragem e foi até a casa de Jon Anderson,tentar convence-lo a participar do  projeto  CINEMA. Assim que tocou a campainha a esposa de Jon Anderson,Jennifer,logo atendeu à porta mas proibiu Chris Squire de entrar. Ela não aceitava a forma como o vocalista havia deixado o YES num desentendimento entre a dupla de fundadores da banda,e  que gerou uma separação entre eles,de quase dois anos sem se falarem. Jennifer Anderson,lógico,ficou do lado do marido. Este incidente constrangedor para Chris Squire,acabou forçando a dupla ouvir as demos do CINEMA,no toca-fita do carro de Squire,depois de pararem num estacionamento por mais de uma hora. Apesar de Jon Anderson neste período sem o YES já ter lançado seu terceiro disco solo e ainda continuar trabalhando com Vangellis,ele sempre admitiu que sentia falta de seus ex companheiros. Isso pesou bastante no momento em que o vocalista após ouvir as demos mostradas por Chris Squire no tal estacionamento,decidisse em aceitar novamente reatar a parceria com o seu velho amigo. Porém,que eles voltassem novamente a se chamar YES e esquecessem o nome CINEMA,que passou a ser o nome de uma das faixas do futuro disco. Tudo acertado,Squire,Anderson Rabin,Kaye e White,passam a se encontrar nos SARM e AIR Estúdios em Londres,entre os meses de Novembro de 1982 e Julho do ano seguinte,onde registraram as gravações do novo álbum. Em 11 de Novembro de 1983 o selo Atco(pertencente à Atlantic Records),coloca no mercado 90125,um trabalho onde tudo era novidade no YES,a começar pelo novíssimo logo e pelo título esquisito do LP. Outra surpresa foi a participação de Trevor Horn como produtor. Logo de cara um hit pop com uma introdução de contrabaixo criada pelo guitarrista  Trevor Rabin,"Owner of A Lonely Heart"(Ou,"Dono de Um Coração Solitário). O YES tocando uma canção com um título desse,algo havia mudado e bastante. Embora soando uma banda mainstream o YES retornou depois de três anos com um disco fascinante e refinado na sua forma mais simplificada. Agregou um guitarrista com um estilo hard rock e pop,completamente ao contrário de Steve Howe e se saiu renovado outra vez depois do não menos ótimo "Drama".  Agora as faixas não passavam de sete minutos e tinham como títulos,"Hold On"(aguentar),"It Can Happen"(pode acontecer),"Changes"(mudanças),"Cinema","Leave It"(deixar),"Our Song"(nossa canção),"City of Love"(cidade do amor) e "Hearts"(corações),assim como já citai Owner of A Lonely Heart". Sobre a questão do título,Jon Anderson explicou tratar-se do número do LP no catálogo da gravadora. O desenho do novo logo futurista(que particularmente eu acho muito bacana)foi criado por "Garry Mouat". 90125 chegou à quinta posição na billboard(álbuns pop) e na décima sexta no Reino Unido. O disco em si, é mais a cara dos norte-americanos. No resto do mundo a recepção variou bastante a exemplo das paradas germânicas,onde ele alcançou o belíssimo posto de segundo lugar. A mesmíssima colocação na França,e ainda chegaria no top 10 nos charts Canadense,Australiano,Italiano,Norueguês e Japonês.  A turnê de 90125 foi uma das mais prazerosas para os membros do YES contribuindo com as excelentes vendagens do disco. A música "Cinema"(lembram do projeto no início? Pois é)ganhou um prêmio Grammy  em 1984 concorrendo na categoria composição instrumental. A excursão que teve início em 26 de Janeiro de 1984 e foi finalizada em 13 de Fevereiro de 1985 com apresentações lotadas, começou mais uma vez pelos Estados Unidos,esticando até o Canadá,retornam aos Estados Unidos e finalizam com um show no dia 15 de Maio de 1984 em Landover.  Reiniciam com uma rápida excursão pela Europa,incluindo o Reino Unido e fecharam a tampa com um show em Madri(Espanha)no dia 25 de Julho de 1984. Voltam novamente à  América do Norte numa longa digressão que teve início em 09 de Agosto de 1984 e terminou em 01 de Outubro de 1984. E antes que a banda retornassem à base,realizaram algumas apresentações na  América do Sul incluindo dois shows no Brasil,tocando duas noites na primeira edição do festival Rock In Rio nos dias 17 e 20 de Janeiro de 1985,além de cumprir datas no Uruguai e na Argentina. Em Setembro de 1985 a Atco lançou o EP 9012 Live The Solos,trazendo momentos individuais dos integrantes do YES,solando seus respectivos instrumentos. Porém,no mesmo disco,temos também versões ao vivo para "Hold On"(com Jon Anderson mencionando "on drums, Mr. Alan White!",bem no comecinho da introdução) e "Changes" (composição isolada de Trevor Rabin,embora nos créditos,Jon Anderson esteja como parceiro dele na composição,e com quem ele divide os vocais). Falando deste bootleg,vale mencionar que trata-se uma uma gravação realizada diretamente da mesa de som com uma qualidade excelente. O CD duplo,captura o YEs na Alemanha,durante a turnê Europeia de 90125,se apresentando no "Westfalenhalle em Dortmund,no dia 24 de Junho de 1984. No set list eles incluíam praticamente todo o álbum 90125,e completavam com canções antigas a exemplo de Yours Is No Disgrace,Starship Trooper,I've Seen All Good People,And You And I e Roundabout. Neste show,uma grata surpresa: Jimmy Page sobe ao palco e dá uma canja na versão que eles costumavam tocar, para "I'm Down" dos Beatles.Formação: Trevor Rabin(guitarra,vocal de apoio),Chris Squire(contrabaixo e vocal de apoio),Jon Anderson(vocal solo),Tony Kaye(teclados) e Alan White(bateria,percussão). Confesso aos amigos que nos prestigiam com suas leituras ou mesmo visualizam o blog "Somtrês" somente por curiosidade que,particularmente acredito ter sido 90125 o grande último disco do YES. A partir daí,a banda se separou e voltou a se reunir várias vezes,intercalando projetos individuais ou até mesmo agrupados entre seus ex integrantes a exemplo do quarteto Anderso,Wakeman,Bruford & Howe,que registrou um fraquíssimo álbum de estúdio,se recuperando num CD duplo ao vivo onde a maioria das canções  apresentadas pertencem aos discos antigos do YES,lançados nos anos setenta.  A ideia da mega reunião que eles chamaram de "Union",por certo não alcançou o verdadeiro objetivo,uma vez que o disco do mesmo nome ter se tornado um completo fiasco,e novamente a salvação foram os concertos com os clássicos da banda. Da mesma maneira aconteceu com o  projeto Anderson,Rabin & Wakeman. Este,sequer lançou discos de composições inéditas,se limitando também num único disco ao vico com canções compostas de álbuns antigos do YES. Depois de 90125,cada vez mais o  YES acumulava tempo espaçoso entre um trabalho e outro,provando que nem todos estavam mais interessados no grupo,como antes. Hoje eu costumo dizer que o YES sem os seus principais fundadores(Jon Anderson e Chris Squire)não é mais o mesmo.  Lá atrás,Rick Wakeman errou ao profetizar que o YES não seguiria sem  Jon Anderson. Seguiu por pouco tempo mas seguiu,embora num único momento em que sua ausência deu certo para Chris Squire e Alan White,que ainda tinham Steve Howe com eles;me refiro ao disco "Drama". Depois disso,nenhum de seus substitutos conseguiram roubar-lhe a magia de realmente ser o mais brilhantes dos vocalistas do YES,e junte a isso,o fato de que os melhores anos da banda,já ficaram pra trás faz tempo!!.

Adê Fonseca,(Editor)